Now it is their time

Quando alguém escreve assim sobre peixe, fica pouco por dizer.
Não há tese de doutoramento que consiga descrever melhor o consumo de peixe em Portugal.
As palavras parece que têm sabor.
A qualidade do peixe é reconhecida.
Os ciclos naturais são respeitados.
E explica que o peixe é um alimento selvagem porque tem de ser "caçado" no mar.
Se ninguém ainda o fez, eu agradeço aqui em nome dos peixes.
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When someone writes like this about fish, there is nothing more to say.
There is no doctoral thesis that can better describe the seafood consumption in Portugal. 
The words seem to have flavor. 
The fish quality is recognized.
The natural cycles are respected.
And explains that fish is wild food because is "hunted" in the sea. 
If no one has done yet, I thank here on behalf of the fish.

24.01.2014
Sargos, douradas e robalos: agora é que é altura de abarbatá-los

Estando de cabeça perdida são mais fáceis de pescar. 
E ainda bem, porque é nesta época que os robalos estão bons e baratos. 
As ovas de robalo são as melhores de qualquer peixe e os cachaços e lombos dos robalos, estando cheios de gordura, estão cheios do sabor do robalo.
...
Os robalos de viveiro são diferentes. 
São muito frescos e têm gordura. 
Mas o sabor deles é de um peixe diferente, de um robalídeo distante. 
Há viveiros repugnantes e outros cuidadosos. 
Pensar que todos os robalos de viveiro são iguais é um grande erro.
Peça para ver as caixas de esferovite onde são embalados os robalos e depois faça uma busca online. 
Não ligue ao aspecto: são engendrados para serem bonitos.  
O que importa é a alimentação, a higiene dos tanques e a quantidade de antibióticos que lhes dão.
Os peixes de mar estão em trágico declínio, já não sendo possível invertê-lo, mas ainda há
robalos de mar para os próximos anos. 
Antes que o decurso das gerações apague o sabor e a textura do robalo selvagem da nossa memória gustativa, o melhor que temos a fazer é levar as crianças a comer os peixes e mariscos da nossa costa, para que saibam o que vão perder e prossigam os (poucos) esforços que se fazem para que sobrevivam mais uns anos.
...
O sargo é um peixe ainda mais difícil do que o robalo: só se consegue comer quando está mais gordo, que é agora. 
De resto é seco e insípido, uma desilusão caríssima. 
Levei décadas a detestar sargo, só porque nunca o tinha comido em Dezembro. 
Quando comecei a comê-lo no Inverno - e só no Inverno - é que percebi o que tinha perdido.
Já as douradas, por serem mais saborosas, deixam-se comer mesmo quando estão magras. 
Se quiser fazer em casa, a maneira mais fácil é tapá-las com sal grosso, por baixo e por cima e enfiá las num forno quente durante três quartos de hora. 
Ficam melhores do que cozidas porque não perdem nem ganham sabor nenhum.
Aproveite enquanto puder - e houver. 
Está tudo calibrado para se perder o gosto pelo peixe selvagem do mar quando só houver peixe de viveiro para comer.

Douradas (Sparus aurata), um primo da família dos sargos

outro primo dos sargos, Besugos (Pagellus bogaraveo)