Pare, Escute e Olhe

Fico tão triste quando leio este género de notícias.
Já sabia que iam ser encerradas algumas linhas...quase chorei ao ouvir isso. As do interior, as menos usadas...as mais IMPORTANTES porque não existem outros meios de transporte para o interior!!!



Haverá viagem mais saborosa do que ir num comboio a ver a paisagem, a ler um livro, ou a dormir com o embalo da carruagem?
A viagem Lisboa - Faro, por exemplo, passa por montes e paisagens que nenhum carro consegue fazer. Dá para ver as amendoeiras em flor, os rios, os campos. Mas claro, quando o investimento é para criar mais estradas, e nem sempre é melhorar as que existem, não há muito a argumentar.

Basta ler este parágrafo para perceber a história:

É claro que para isto muito contribuiu a forte aposta na infra-estruturação rodoviária do país. Os números do Portugal do betão e do alcatrão são significativos: o pequeno país periférico tem 20 metros de auto-estrada por Km2 contra 16 metros que é a média europeia. Mas na rede ferroviária só possui 31 metros por Km2 contra 47 metros da média da União Europeia.
Não surpreende, assim, que nos países da Europa Ocidental Portugal seja o único que, em 20 anos, perdeu passageiros na ferrovia. É certo que a França, a Holanda e a Suíça tiveram crescimentos modestos - "só" conseguiram transportar cerca de 30 por cento mais de passageiros -, mas isso resulta de serem mercados maduros onde a tradição de andar de comboio é quase ancestral. A Grã-Bretanha, país que foi o berço do caminho-de-ferro, cresceu 53 por cento em 20 anos, a sua vizinha Irlanda 57 por cento, a Bélgica 55,2 por cento e a Alemanha 83 por cento, em parte graças à aposta em comboios de alta velocidade que são um verdadeiro luxo.
Mas o mais curioso é que o único país dos três dígitos é precisamente a Espanha, com um aumento de 157 por cento. Em 20 anos, nuestros hermanos, que apostaram no TGV, passaram de 182 milhões de passageiros dos seus velhos comboios dos anos oitenta (muitos deles, à época, bem piores do que os portugueses) para 467 milhões de clientes da ferrovia. Um aumento que contrasta com o envergonhado decréscimo de passageiros de comboio de 43 por cento no cantinho luso.


Com a subida do preço do petróleo, vamos ver até quando é que ainda compensa fazer viagens entre cidades de carro.
Tudo isto só me faz lembrar a história do encerramento da linha do Tua e o excelente documentário que foi feito.