Os dias sem carne
O Partido Pelos Animais lançou este repto:
Sabe que a indústria da carne é responsável por 37% de todo o metano devido às actividades humanas (que contribui para o aquecimento global 23 vezes mais que o dióxido de carbono), em grande parte produzido pelo sistema digestivo dos ruminantes, bem como por 64% do amoníaco que contribui para as chuvas ácidas?
Sabe que a pecuária intensiva é responsável pelo empobrecimento dos solos e põe em risco as reservas naturais de água, uma vez que a produção de um só quilo de carne de vaca necessita de 7 quilos de cereais ou feijões de soja e cerca de 15.000 litros de água?
Está consciente que a criação de gado incide assim directamente sobre o aquecimento climático, a poluição dos solos e dos lençóis freáticos, ao mesmo tempo que representa um terrível desperdício, pois perto de um terço dos cereais produzidos mundialmente destina-se a alimentar animais?
Já pensou que, se os países “desenvolvidos” diminuíssem o consumo de carne, seria possível erradicar a fome que mata perto de seis milhões de crianças todos os anos no mundo?
Sabe que, a manterem-se os números actuais da actividade piscatória, em 2048 não haverá peixes em liberdade nos mares e oceanos, o que acarreta consequências gravíssimas para o ecossistema? E sabe que os peixes e outros animais marinhos criados nas chamadas “fish farms”, usadas como alternativa à pesca em alto mar e que já fornecem metade do peixe consumido pelo ser humano, consomem eles próprios animais pescados em alto mar?
Sabe que as “fish farms” produzem largas quantidades de resíduos, que se espalham pelo oceano e mesmo até à costa, e que as concentrações anti-naturais em que os animais vivem nesses locais favorecem o desenvolvimento de uma série de doenças e parasitas?
É por isso que, tal como fez a Fundação Brigitte Bardot em França, o Partido Pelos Animais vem pedir ao Governo português que instaure um dia vegetariano em todas as instituições públicas, convidando as privadas a fazerem o mesmo. A exemplo do que sucede no município de Gent, na Bélgica, onde a Terça-feira foi declarada “veggiedag”, sugerimos que todas as 3as feiras as cantinas portuguesas apresentem ementas vegetarianas. A par disto, solicitamos aos cidadãos que, pelo bem do planeta, do homem e dos animais, se abstenham de comer carne e peixe nesse dia, o que é também extremamente benéfico para a saúde. Todos nos sentiremos melhor e, quem sabe, descobriremos que podemos estender progressivamente a dieta vegetariana a mais dias.
E no seguimento desta ideia vi aqui um post muito interessante de um comentário à Conferência da Gulbenkian sobre ambiente desta semana:
...Falava Lima Santos de um dos meus temas predilectos (alimentação e ambiente), identifica as alterações de dieta como mais perigosas ambientalmente que o aumento demográfico (por cada chinês ou indiano que muda de uma dieta tradicional para uma dieta americana, é como se nascessem três ou quatro novas pessoas do ponto de vista do consumo alimentar) e identifica o consumo de carne como o grande problema.
...proposta de Lima Santos de criar uma taxa sobre os cereais usados no fabrico de rações, com o objecto de subir o preço da carne e diminuir o preço dos cereais para alimentação directa das pessoas.
...
Perdem os produtores de cereais, os fabricantes de rações e os produtores de carne que usam rações porque todos eles perdem mercado com a subida do preço. E perdem os mais pobres que terão mais dificuldade em comprar carne.
Ganham os produtores de carne criada sem rações, ganham os produtores de todos os produtos que substituirão a carne (com os produtores de leguminosas, como feijão e grão, por exemplo), ganham os importadores de carne não sujeita ao mesmo imposto e ganha o Estado que arrecada a taxa.
Neste cenário o que é mais injusto é os pobres saírem perdedores, o Estado arrecadar mais uma taxa (neste caso, em rigor, um imposto) e o país perder competitividade global no sector.
Se para a questão do comércio internacional não vejo solução no quadro de uma economia aberta e comércio livre (mas o mesmo se passa com as renováveis, com implicações mais globais na competitividade do país, e isso não tem impedido a opção política de as apoiar), já para os outros problemas políticos parece-me fácil encontrar a solução: os recursos arrecadados com a taxa devem reverter para dois grandes destinatários: os pobres (admitindo mesmo que sejam entregues vales para a compra de carne, minimizando as perdas de mercado e melhorando a equidade) e os projectos de melhoria de eficiência e aumento da incorporação de alimentação não proveniente de cereais apresentados pelos produtores afectados.
henrique pereira dos santos
Sabe que a indústria da carne é responsável por 37% de todo o metano devido às actividades humanas (que contribui para o aquecimento global 23 vezes mais que o dióxido de carbono), em grande parte produzido pelo sistema digestivo dos ruminantes, bem como por 64% do amoníaco que contribui para as chuvas ácidas?
Sabe que a pecuária intensiva é responsável pelo empobrecimento dos solos e põe em risco as reservas naturais de água, uma vez que a produção de um só quilo de carne de vaca necessita de 7 quilos de cereais ou feijões de soja e cerca de 15.000 litros de água?
Está consciente que a criação de gado incide assim directamente sobre o aquecimento climático, a poluição dos solos e dos lençóis freáticos, ao mesmo tempo que representa um terrível desperdício, pois perto de um terço dos cereais produzidos mundialmente destina-se a alimentar animais?
Já pensou que, se os países “desenvolvidos” diminuíssem o consumo de carne, seria possível erradicar a fome que mata perto de seis milhões de crianças todos os anos no mundo?
Sabe que, a manterem-se os números actuais da actividade piscatória, em 2048 não haverá peixes em liberdade nos mares e oceanos, o que acarreta consequências gravíssimas para o ecossistema? E sabe que os peixes e outros animais marinhos criados nas chamadas “fish farms”, usadas como alternativa à pesca em alto mar e que já fornecem metade do peixe consumido pelo ser humano, consomem eles próprios animais pescados em alto mar?
Sabe que as “fish farms” produzem largas quantidades de resíduos, que se espalham pelo oceano e mesmo até à costa, e que as concentrações anti-naturais em que os animais vivem nesses locais favorecem o desenvolvimento de uma série de doenças e parasitas?
É por isso que, tal como fez a Fundação Brigitte Bardot em França, o Partido Pelos Animais vem pedir ao Governo português que instaure um dia vegetariano em todas as instituições públicas, convidando as privadas a fazerem o mesmo. A exemplo do que sucede no município de Gent, na Bélgica, onde a Terça-feira foi declarada “veggiedag”, sugerimos que todas as 3as feiras as cantinas portuguesas apresentem ementas vegetarianas. A par disto, solicitamos aos cidadãos que, pelo bem do planeta, do homem e dos animais, se abstenham de comer carne e peixe nesse dia, o que é também extremamente benéfico para a saúde. Todos nos sentiremos melhor e, quem sabe, descobriremos que podemos estender progressivamente a dieta vegetariana a mais dias.
E no seguimento desta ideia vi aqui um post muito interessante de um comentário à Conferência da Gulbenkian sobre ambiente desta semana:
...Falava Lima Santos de um dos meus temas predilectos (alimentação e ambiente), identifica as alterações de dieta como mais perigosas ambientalmente que o aumento demográfico (por cada chinês ou indiano que muda de uma dieta tradicional para uma dieta americana, é como se nascessem três ou quatro novas pessoas do ponto de vista do consumo alimentar) e identifica o consumo de carne como o grande problema.
...proposta de Lima Santos de criar uma taxa sobre os cereais usados no fabrico de rações, com o objecto de subir o preço da carne e diminuir o preço dos cereais para alimentação directa das pessoas.
...
Perdem os produtores de cereais, os fabricantes de rações e os produtores de carne que usam rações porque todos eles perdem mercado com a subida do preço. E perdem os mais pobres que terão mais dificuldade em comprar carne.
Ganham os produtores de carne criada sem rações, ganham os produtores de todos os produtos que substituirão a carne (com os produtores de leguminosas, como feijão e grão, por exemplo), ganham os importadores de carne não sujeita ao mesmo imposto e ganha o Estado que arrecada a taxa.
Neste cenário o que é mais injusto é os pobres saírem perdedores, o Estado arrecadar mais uma taxa (neste caso, em rigor, um imposto) e o país perder competitividade global no sector.
Se para a questão do comércio internacional não vejo solução no quadro de uma economia aberta e comércio livre (mas o mesmo se passa com as renováveis, com implicações mais globais na competitividade do país, e isso não tem impedido a opção política de as apoiar), já para os outros problemas políticos parece-me fácil encontrar a solução: os recursos arrecadados com a taxa devem reverter para dois grandes destinatários: os pobres (admitindo mesmo que sejam entregues vales para a compra de carne, minimizando as perdas de mercado e melhorando a equidade) e os projectos de melhoria de eficiência e aumento da incorporação de alimentação não proveniente de cereais apresentados pelos produtores afectados.
henrique pereira dos santos